Mercado imobiliário volta a crescer no Pará e está otimista para 2020

Postada em: 29/12/2019

Ter a casa própria ainda ocupa o topo da lista de desejos de milhares de brasileiros. De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 32% da população ainda não conseguiu ter um imóvel quitado e uma boa parte mora de aluguel. Porém, com os cortes nos juros dos financiamentos imobiliários anunciados pelos bancos desde junho deste ano e a queda de preço do metro quadrado para fechar negócios, esse desejo pode estar um pouco mais próximo de ser realizado.

A redução da Selic, a taxa básica de juros da economia e a diminuição dos juros para o crédito imobiliário corrigido pela Taxa Referencial (TR), de fato, vêm auxiliando o mercado imobiliário a retomar o fôlego. Informações divulgadas recentemente pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Acebip) apontam que 27.200 unidades foram financiadas em setembro deste ano, o maior número desde setembro de 2015.

O coordenador pedagógico do Sindicato de Corretores de Imóveis do Estado do Pará (Sindimóveis-PA), Carlos Albuquerque ressalta, no entanto, que essa retomada do mercado ainda é tímida. “Está bastante lenta, porque as famílias e os investidores ainda não estão se sentindo totalmente seguros para comprar”, analisa ele, que atua no mercado imobiliário há 43 anos.

Segundo o coordenador, a melhora, apesar de já ter iniciada, deve ser gradual e, depende ainda de outras variáveis importantes para o setor. “Calculamos que o mercado tenha crescido em torno de 1% nos últimos meses por conta da redução das taxas de juros para financiamento de imóveis anunciadas pelos bancos, além de outros aspectos positivos para o mercado. Mas precisamos melhorar os índices de outras variáveis, como é o caso do desemprego. Temos cerca de 13 milhões desempregados, um número muitosignificante”, acredita.

Para ele, o setor imobiliário tem passado por ciclos bem definido nos últimos. “De 2006 a 2012 vivemos um período de bastante euforia, com o aquecimento do mercado. Entre 2013 e 2017 houve uma desaceleração, especialmente por conta do aumento das taxas de juros”, lembra. “Já 2018, foi considerado um ano péssimo para o setor, marcado pela estagnação, praticamente não se vendeu nada e os aluguéis estagnaram. Este ano, está havendo uma retomada desse setor, o que nos deixa bastante otimistas com relação a 2020”, avalia.

As expectativas para o próximo ano, apesar de positivas, serão graduais. “As vendas, principalmente, começaram a fluir agora. Por isso, calculamos que teremos uma resposta mais qualificada do mercado em aproximadamente seis meses, com um crescimento que deve chegar a 2% em relação ao ano anterior”, projeta.

CENSO

O setor da construção civil também já começou a sentir os efeitos dos cortes nos juros dos financiamentos imobiliários anunciados pelos bancos nos últimos meses. “Há uma movimentação positiva do setor, inclusive que aparece no nosso Censo Imobiliário, pesquisa promovida pelo Sindicato, na Região Metropolitana de Belém, que mensura toda a movimentação do mercado”, afirma o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon-PA), Alex Carvalho.

Entre as variantes usadas para medir essa melhora do mercado está a volta de oferta de empregos no setor. “Estamos vendo que pelo menos essa oferta não voltou a cair. Isso nos dá um viés mais otimista”, afirma o presidente do sindicato. Outro aspecto positivo, de acordo com ele, é a recuperação da economia. “Os consumidores estão se sentindo mais seguros agora para investir em imóveis o que nos faz ser mais otimistas com relação a 2020”, diz. “Já estamos percebendo uma procura maior especialmente pelos imóveis de alto padrão. Por isso, existe a necessidade que o setor também volte a investir na construção”, ressalta.

Antes de comprar, fique atento à situação do imóvel

Com a possibilidade de retomar o sonho da casa própria, o possível comprador precisa ficar atento para algumas questões, segundo a advogada Patrícia Pinheiro, integrante da Comissão de Direito Imobiliário da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Pará (OAB-PA).

Quando se trata de imóvel usado, é importante avaliar bem a documentação. O primeiro passo é solicitar a matrícula atualizada no cartório em que o imóvel foi registrado. “Isso é importante porque vai mostrar um histórico daquele imóvel e ver se existe alguma dependência”, explica. Com esse documento é possível descobrir, por exemplo, se existe algum financiamento pendente ou risco de penhora.

O comprador também deve pedir a certidão negativa de tributos, na qual irá verificar se o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) está em dia e ainda se a área construída no terreno corresponde ao que foi declarado ao município. “Vale destacar que IPTU e taxa condominial acompanham o imóvel, ou seja, a pessoa que está comprando um imóvel com problemas relacionadas a essas questões pode ser responsabilizado por elas”, destaca.

Outro item a ser observado é se o proprietário do imóvel não é parte de ação judicial. “Isso porque o imóvel pode ser implicado”, observa a advogada. É importante ainda analisar a questão das taxas de juros que estão sendo aplicadas no caso de imóvel financiado. “É interessante ter um advogado para acompanhar o negócio porque ele vai analisar todas as cláusulas do contrato e verificar se está tudo certo”, indica.

 

Autor: Alexandra Cavalcanti

 

Fonte:https://www.diarioonline.com.br/noticias/para/544231/mercado-imobiliario-volta-a-crescer-no-para-e-e

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