Em 2019 mercado imobiliário cresceu 128,28%

Postada em: 27/02/2020

NÚMEROS - Os bairros mais nobres da capital tiveram a maior parte das vendas. Dados são do Sindicato de Construção do Estado do Pará.

 

O mercado imobiliário das cidades de Belém e Ananindeua teve crescimento de 128,28% nas vendas de casas e apartamentos ao longo do ano passado, que fechou com um total de 2.066 unidades vendidas, contra 905 em 2018. Os dados são de uma análise de mercado divulgada esta semana pelo Sindicato de Construção do Estado do Pará (Sinduscon) e elaborada pela Brain Bureau de Inteligência Corporativa.

Segundo o levantamento, os bairros mais nobres da capital tiveram a maior parte das vendas. Na pesquisa, a equipe separou as regiões das cidades por clusters, que, segundo o consultor Norte e Nordeste da Brain, Claubert Barreto, são agrupamentos de bairros com características semelhantes. Com destaque, o cluster 2, que engloba a Cidade Velha, Batista Campos, Campina, Reduto, Nazaré, São Brás e Umarizal, teve participação de 30%, com 1.302 compras de 1.994 unidades ofertadas.

Em seguida, empatam cluster 5 – Pratinha, Benguí, Una, Cabanagem, Parque Verde, Coqueiro, São Clemente, Tapanã, Parque Guajará, Paracuri, Tenoné, Águas Negras, Agulha e Ponta Grossa – e o cluster 3 – Fátima, Marco, Pedreira, Souza e Castanheira. Eles levaram, em 2019, 24,6% e 24,2% das vendas totais. No cluster 5, foram comprados 2.945 imóveis de 3.512, e no cluster 3, foram 2.453 de 3.011.

Logo depois, aparece o cluster 4, com Telégrafo, Sacramenta, Barreiro, Miramar, Maracangalha, Marambaia, Mangueirão e Val-de-Cans, onde houve 1.446 vendas dos 1.568 imóveis disponíveis em 2019, representando 5,3% dos emplacamentos. O cluster 1, por sua vez, com os bairros do Jurunas, Condor, Guamá, Cremação, Canudos, Terra Firme e Universitário, fechou o ano com participação de 0,3% das vendas – 387 dos 395 imóveis disponíveis foram vendidos. Por último, o cluster 6, composto pelos bairros do Cruzeiro, Campina de Icoaraci, Maracacuera, Brasília, São João do Outeiro, Itaiteua e Água Boa, ficou zerado na análise. Já em Ananindeua, houve oferta de 2.336 imóveis e 1.974 foram comprados, resultando em uma participação de 15,7%.

De janeiro a dezembro de 2019 foram lançadas 4.474 unidades nos dois municípios, que são os novos imóveis disponíveis no mercado. Desse total, 3.067 foram lançados no primeiro trimestre, entre janeiro e março, 976 no terceiro trimestre, entre julho e setembro, e 431 no último semestre do ano, entre outubro e dezembro. Nenhum imóvel foi lançado entre os meses de abril e junho.

"DESOVA"

Conforme explicou o presidente do Sinduscon, Alex Carvalho, o primeiro trimestre de 2019 foi fraco em vendas, com 787 unidades. Comparando com o número de imóveis disponíveis no mercado, significa que apenas 25,66% foram ocupadas. O segundo trimestre foi melhor, já que nenhuma nova unidade foi lançada, mas houve a compra de 482 moradias. Nos últimos dois trimestres do ano passado, foram comprados, respectivamente, 382 e 415 imóveis.

"O ano começou com um mercado quase nulo, com estoque muito alto. Ao longo dos meses, esse estoque caiu e vendemos mais. Basicamente, a primeira parte de 2019 serviu mais para ‘desovar’. Foi a partir daí que os preços começaram a cair. O mercado ficou mais fluido e chegamos a patamares melhores ao final do ano, porque a economia reagiu bastante”, comentou.

Do total de unidades imobiliárias emplacadas no ano, 950 foram residenciais, 144 comerciais e 972 horizontais, ou seja, em condomínios. Em 2018, tinham sido vendidas 693 unidades residenciais e 212 comerciais. Dos 950 imóveis residenciais, que compreendem casas e apartamentos, 338 estavam enquadradas no padrão econômico, que são os imóveis de até R$ 190 mil, e 612 em “demais padrões”, categoria que inclui os chamados “standards”, de até R$ 400 mil; os de médio padrão, até R$ 700 mil; de alto padrão, até R$ 1 milhão; de luxo, até R$ 2 milhões; e de super luxo, acima desse valor.

Cidade Velha, Batista Campos, 
Campina, Reduto, Nazaré, São Brás e Umarizal detêm  30% das vendas

Foram vendidos, no último trimestre, R$ 605 milhões em unidades imobiliárias em Belém e Ananindeua, sendo R$ 466 mi das residenciais, R$ 38 mi das comerciais e R$ 101 mi das horizontais. Esses números são medidos por meio do Valor Geral de Vendas (VGV), indicador calculado pela soma do valor potencial de venda de todas as unidades de um empreendimento lançado, que indica a viabilidade do projeto do ponto de vista comercial, o potencial e desempenho do mercado imobiliário e a lucratividade do empreendimento.

Para 2020, a expectativa, segundo Carvalho, é “virar a página” e continuar estimulando o mercado. Pode influenciar na melhoria das perspectivas a oferta de juros baixos por parte das instituições financeiras, seguindo o comportamento de queda da taxa Selic que regula os juros no país, fixada em 4,25% ao ano, menor taxa na história. “Até os bancos que têm um alto grau de rigor na hora de oferecer crédito estão atuando com cobranças mais baixas. O crédito imobiliário está ficando acessível, é um cenário de grandes oportunidades”.

O que impede esses índices de serem maiores, para o presidente do Sinduscon, é a atual legislação. Segundo ele, é necessário revisar os planos diretores. “Não há muita lógica no fato de cidades vizinhas, como Manaus (AM) e São Luís (MA), terem prosperado tão mais que Belém, que fica na Região Metropolitana. Precisamos ver a necessidade de discutir as legislações e regulamentações, porque existe um potencial subutilizado nas grandes cidades paraenses. Há um excesso de travas, e o efeito desses embates é o não desenvolvimento dos municípios dentro de seus potenciais”, declarou.

Um dos problemas, aponta, é ter um número mínimo de vagas de garagem nos novos empreendimentos. Carvalho diz que os aplicativos de transporte, hoje, são um dos grandes meios de transporte nas capitais, e nem todo morador precisa de espaço na garagem. Além disso, alguns bairros, como o Reduto, em Belém, têm limitações para construção de prédios, por conta dos patrimônios históricos. “É um bairro que não gera desenvolvimento econômico para a cidade, porque, apesar de ter a Estação das Docas e praças, não há habitações para que as pessoas vivenciem esses investimentos”, argumentou o presidente do Sinduscon.

Com os ajustes necessários, ele acredita que o setor pode retomar plenamente o crescimento. Para ele, o efeito será a geração de emprego, renda e a movimentação da cadeia de serviços, além da geração de impostos.

 

Alternativa é imóvel sustentável

A retomada do mercado também pode resultar em maior procura por imóveis sustentáveis, segundo o sócio-fundador da Urbix Construção Inovação, Ubirajara Marques. Ele acredita que investir em imóveis sustentáveis é ter uma garantia de melhores rendimentos, já que eles se valorizam em até 30% após a entrega, de acordo com o Green Building Council (GBC).

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostrou que a área de construção de imóveis verdes deve gerar mais de 6,5 milhões de empregos até 2030. Atualmente,  Brasil está entre os cinco principais países no ranking de construções verdes no mundo. “Toda a estrutura tecnológica que ampara os edifícios inteligentes tem o objetivo de fazer o melhor uso de recursos. Em termos de energia elétrica, surge também o conceito de eficiência energética, que está bem alinhada a esse perfil de construção. Um exemplo prático: estima-se que soluções como biometria e acendedor automático de lâmpadas, quando integradas, chegam a economizar em torno de 22% da energia usada no local”, pontua o especialista.

 

Por Elisa Vaz, da Redação
Foto: Oswaldo Forte

Fonte:Jornal O Liberal, caderno Panorama, pág. 7, edição do dia 23/02/2020

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